O hábito de assistir televisão tornou-se, praticamente, um ritual nos lares brasileiros. Cultuada, a novela dita moda, linguagem, hábitos e contribui para a alienação de seu público. A imagem de um “mundo perfeito” mostrada nas novelas dá uma visão distorcida da realidade. Os padrões difundidos são copiados e seguidos, porém, as pessoas não conseguem adaptá-los a uma vida real, o que gera ansiedade, angústia e frustração. É construída, então, uma imagem ilusória de um mundo perfeito, romântico, mas irreal. O costume de assistir novelas se estabeleceu a partir do momento em que o público foi se identificando com os personagens da trama, podendo essa influência ajudar, como novelas que trazem hábitos saudáveis e de boa conduta, ou influenciar de maneira ruim, como aquelas que espetacularizam a violência. Com a abordagem de temas mais polêmicos, as pessoas sentem mais liberdade de criticar e expor suas opiniões a respeito de determinados assuntos, que antes eram considerados tabus.
Espelhando-se nos protagonistas, os jovens os idolatram. Os galãs de novela são para as meninas os estereótipos de homem perfeito e para os rapazes os modelos a ser seguido. O mesmo acontece com as meninas, observam as atrizes e buscam seguir seu estereótipo, o que significa um risco para sociedade, principalmente quando se trata de adolescente. A televisão tem significativa importância no comportamento de seus telespectadores. O problema não é assistir à telenovela, mas é necessário o desenvolvimento de um senso crítico que nos permita escapar do mundo fantasioso criado pela teledramaturgia. O povo precisa de valores reais para viver uma vida real.
As tramas possuem um poder de entretenimento absolutamente incontestável. Sobre a influência das telenovelas, os telespectadores mudam de comportamento, modificando ou criando costumes. Além da história envolvida nas novelas, as roupas, os acessórios e os tipos de cabelos utilizados pelos personagens fazem um grande sucesso e são capazes de ditar moda. Geralmente, tem algo que chama atenção para as mulheres ter ou fazer igual. As novelas que mais costumam fazer sucesso, em termos de lançar moda, são aquelas como O Clone (Rede Globo, 2001), que trouxe a moda de acessórios de origem árabe, Caminho das Índias (Rede Globo, 2009), que mostra a cultura do povo indiano, com seus casamentos arranjados e seus belos figurinos, túnicas, lenços, batas com estampas diferentes, acessórios como brinco, pulseiras e colares também estão fazendo moda. Essa moda caiu no gosto popular e as mulheres adaptaram esse estilo indiano.
Quando uma expressão curiosa surge num dado programa de televisão e passa a fazer parte da vida do telespectador, ela é chamada de bordão e é inserida na maneira de agir das pessoas. O prazer específico de usar um bordão do momento faz com que as pessoas se sintam mais familiarizadas ou identificadas com o personagem que o popularizou. Foi o que aconteceu na novela Paraíso Tropical (Rede Globa, 2007) com a prostituta Bebel, personagem interpretado por Camila Pitanga. Com seu jeito irreverente e único, sua "catiguria" vai ficar marcada na memória do público que acompanhava a novela. Em Roque Santeiro (Rede Globo, 1986), nervoso, o marcante Sinhozinho Malta (Lima Duarte) sacudia as pulseiras e dizia "Tô certo ou tô errado?". "Cada mergulho é um flash!", dizia a personagem Odete (Mara Manzan), em O Clone (Rede Globo, 2001). Também em O Clone, Solange Couto deu vida à famosa Dona Jura, e junto com ela trouxe para a telinha um dos bordões mais famosos dos folhetins. "Não é brinquedo não!", repetia constantemente a dona do bar mais famoso de São Cristóvão. Na novela Chocolate com Pimenta (Rede Globo, 2004), Márcia, vivida pela atriz Drica Moraes, criou o bordão "Sou chique, benhê!". Divertida e espevitada, a personagem Elzinha (Leandra Leal), da novela Ciranda de Pedra (Rede Globo, 2008), caiu no gosto popular. Ela era louca para arranjar um marido rico e se achar muito chique. Afinal, Elzinha é "biscoito fino". Em Senhora do Destino (Rede Globo, 2005), Giovanni Improtta (José Wilker) teve grande repercussão com dois famosos bordões “O tempo ruge, e a Sapucaí é grande” e “felomenal”. Entre tantos outros.
No Brasil, a moda das ruas é altamente influenciada pelas novelas, como será citado mais adiante, no tópico “A NOVELA COMO DISSEMINADORA E CRIADORA DE MODA”. O que aparece na telinha vira moda quase que instantaneamente, não importa o que as tendências ditem. Este é um fenômeno cultural tão presente no país que até já despertou o interesse e foi tema de pesquisas internacionais. Entre tantos podemos destacar: Giuliana (Ana Paula Arósio) com seus xales e lenços de crochê exibidos na novela Terra Nostra (Rede Globo, 1999); Bebel (Camila Pitanga) com brincos, um maior que o outro, exibidos em Paraíso Tropical (Rede Globo, 2007); Silvia (Alinne Moraes) com corte de cabelo com franja e tom castanho avermelhado na novela Duas Caras (Rede Globo, 2007).
Alguns telespectadores não separam o real da ficção, confundindo muitas vezes o ator com personagem que ele interpreta, isso fica evidente com o episódio que aconteceu com o ator Jackson Antunes. No sítio onde mora, próximo a Teresópolis, cidade da Região Serrana Fluminense, Jackson Antunes tem a tranqüilidade que gosta para levar a vida. É um homem extremamente pacífico no lidar com a família, no jeito de ser e até no de falar. Mas o senhor que o empurrou e o machucou há alguns dias em plena rua só tinha em mente o violento Leonardo, personagem que o ator interpretava na época em A Favorita (Rede Globo, 2008). Na novela, Jackson bate em Lilia Cabral, que dá vida à submissa Catarina. Mas foi na realidade que o ator sofreu as conseqüências disso. "Tive uma lesão na perna direita, gravei algumas cenas apoiado na cadeira de rodas e sentindo muita dor", resume. O desagradável episódio passou, mas o personagem continua emocionando Jackson. "Acho oportuno reerguer a discussão sobre a violência doméstica", valoriza. Ele conta que a carga de emoção nas cenas da novela é alta.
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