terça-feira, 5 de julho de 2011

LINGUAGEM

A língua sofre variação entre as telenovelas e minisséries. A diversidade da língua também se faz presente em uma mesma trama. Afinal, a linguagem tem que ser entendida por quem assiste e, assim, a norma culta não pode ser adotada como única nas falas dos personagens, até mesmo porque os personagens não possuem o mesmo grau de instrução.

A novela Cordel Encantado (Rede Globo, 2011) traz uma linguagem carregada no falar do sertanejo e outra mais rebuscada na Corte de Seráfia. Um exemplo simples, é o uso dos termos “mainha” e “painho”, usados pela protagonista Açucena (Bianca Bin) e a sofisticação das falas do Rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia). Por meio da personagem Maria Cesária (Lucy Ramos), nota-se uma preocupação em falar correto para ser aceita pelos outros, principalmente pelos representantes da “elite”.


Outro fato a ser analisado é a aceitação e uso popular de alguns termos e jargões das novelas. Em O Clone (Rede Globo, 2001), Dona Jura (Solange Couto) trouxe “Não é brinquedo, não!” e Odete (Mara Manzan) popularizou “Cada mergulho é um flash”. Em Roque Santeiro (Rede Globo, 1985), Senhorzinho Malta (Lima Duarte) expressava “Tô certo ou to errado?”, já em Caras e Bocas (Rede Globo, 2009), Bianca (Isabelle Drumond) traz “É a treva!”. E vários outros jargões surgem e se popularizam na língua.

Há também as diferenças entre a linguagem adotada pelas telenovelas. Em Malhação (Rede Globo) e Rebelde (Rede Record), a língua é mais moderna e impregnada de gírias com o intuito de atrair e fazer parte do mundo jovem. Já em Insensato Coração (Rede Globo, 2011), percebe-se uma linguagem menos diversa e mais sofisticada, pois o objetivo agora é atrair os adultos e há personagens que exigem um rebuscamento maior em suas falas, porém de forma que o público entenda. É notável a diferença entre Macho Man (Rede Globo, 2011), A Mulher Invisível (Rede Globo, 2011), com uma linguagem mais popular, e A Casa das Sete Mulheres (Rede Globo, 2003) e JK (Rede Globo, 2006), que trazem uma língua mais complexa até mesmo por representarem uma história do passado.

Nos vídeos abaixo, ficará clara a diferença entre as linguagens utilizadas nas novelas que atingem públicos diferentes. O primeiro vídeo é de Malhação ID (Rede Globo, 2009) e o segundo de Insensato Coração (Rede Globo, 2011).




Entretanto, todas as tramas apresentam um ponto comum: não adotar unicamente a norma culta. A língua apresenta variações que fazem parte de fato do uso popular e, assim, precisam estar presentes nas telenovelas e minisséries para que haja o entendimento do público. É uma questão até de mercado trazer uma linguagem de fácil compreensão, afinal, quantos falam de acordo com o padrão culto? Dessa forma, pode-se afirmar que existe, sim, variação lingüística também nas telenovelas e minisséries tão presentes na vida dos brasileiros, pois a língua também é algo cultural e faz parte do cotidiano das pessoas.

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