A cultura muçulmana é um dos principais temas de O Clone (Rede Globo, 2000), que tem como fio condutor a história de amor vivida pela muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) com o brasileiro Lucas (Murilo Benício). Os dois jovens se apaixonam, mas são impedidos de ficar juntos por causa da tradição muçulmana, defendidos com rigor pelo tio de Jade, o patriarca Sid Ali (Stênio Garcia), que se agarra às crenças e à cultura árabe para arranjar um bom casamento para a sobrinha Jade. Entre os costumes muçulmanos retratados pela autora Glória Perez, a novela aborda a religião islâmica, os papéis masculino e feminino na sociedade, a dança, a língua e a culinária árabes, as cerimônias marroquinas, a poligamia e ainda o choque entre as culturas ocidental e muçulmana. A autora contou com a consultoria de dois xeques importantes no contexto muçulmano e dois irmãos marroquinos. Palestras, textos e filmes sobre os hábitos muçulmanos fizeram parte da fase de preparação do elenco e da equipe. Os atores tiveram aulas de expressões árabes e prática de orações, além de aulas de dança do ventre e de dança árabe para os homens. As primeiras cenas de O Clone foram gravadas em cinco cidades do Marrocos, onde também foi comprada uma boa parte do figurino, denotando assim, a fidelidade com a cultura muçulmana. Além disso, a novela apresentou ao público brasileiro típicos instrumentos musicais árabes. O Clone foi um sucesso de público e expressões árabes faladas pelos personagens ganharam as ruas, como “Maktub”, “Inshalá”, “Haram”, “Jogar ao vento” e “Arder no mármore do inferno”.
Retratar peculiaridades da cultura indiana em contraponto aos hábitos e costumes do Brasil foi uma das premissas da autora Gloria Perez ao escrever Caminho das Índias (Rede Globo, 2009). A novela teve como ponto de partida a paixão proibida entre dois jovens indianos de origens distintas graças ao sistema de castas. Notam-se também as diferenças entre as tradições indianas e o pensamento ocidental, principalmente em relação ao casamento, o respeito aos mais velhos, a educação dos filhos e a postura da mulher. Ocorreram locações na Índia e
Um caso especial é a novela Negócio da China (Rede Globo, 2008), em que ocorre a mistura principalmente de duas diferentes culturas no bairro Parque das Nações: portuguesa e chinesa. Houveram locações na China e
A novela Explode Coração (Rede Globo, 1995) aborda o universo cigano por meio da história de Dara (Tereza Seiblitz), que, apesar de se orgulhar de suas origens, se recusa ficar presa às tradições, como o contrato de casamento e o estudo limitado oferecido às mulheres. Os personagens de Mio (Ivan de Albuquerque) e Soraya (Laura Cardoso) representam firmemente às tradições ciganas, repudiando até as moradias fixas. Para aprender os hábitos e costumes do povo cigano, os atores fizeram um laboratório, aprenderam danças e expressões em romanês, a língua cigana. O figurino também estava de acordo com os costumes ciganos.
Em Mandacaru (TV Manchete, 1997) o cangaço é tema central, retratando seus costumes e discutindo a questão da terra. Ambientada nos anos 30, em Jatobá, sertão da Bahia, a trama inicia-se após a morte de Lampião (Alceu Valença) e Maria Bonita (Daniela Mercury). Representada principalmente pelas figuras dos cangaceiros Tirana (Victor Wagner) e Zebedeu (Bemvindo Sequeira). Surge na história também a lenda de Dom Sebastião, crença presente no Nordeste Brasileiro. No meio de vinganças, jogos políticos e mulheres que desejam o amor verdadeiro e a felicidade de poder ser mães, a vida de cangaceiros e coronéis do sertão é apresentada. Atualmente, a trama Cordel Encantado (Rede Globo, 2011) traz o cangaço também como um dos seus eixos temáticos, porém com uma visão mais romântica dos cangaceiros do que em Mandacaru.
Outras culturas também foram eixos temáticos de outras novelas. A cultura judaica foi abordada
Em relação à cultura africana, apesar do grande número de negros no Brasil, ainda não houve uma telenovela que retratasse a riqueza desta cultura como tema central. Existem tramas que abordaram a escravidão, como Sinhá Moça (Rede Globo, 1986) e Escrava Isaura (Rede Globo, 1976), porém isto denota a limitação da forma como a cultura negra foi tratada. Tanto
A teledramaturgia brasileira fez várias tentativas de incluir o universo indígena nas novelas, mas uma breve e superficial análise já mostra uma diversidade de imagens dos indígenas: às vezes inseridos no ambiente de uma trama histórica, às vezes aculturados, às vezes estereotipados. Ora integrados à cultura branca, ora sofrendo preconceito na cidade, ora em conflito por suas terras. Apenas um elemento em comum: a maioria dos personagens foi vivida por atores brancos, como se pode observar
Assim, aprendeu-se um pouco mais sobre as culturas muçulmana, indiana, cigana, cangaceira, judaica, italiana, indígena e africana estando apenas em frente a uma televisão. Percebe-se, então, a importância deste meio de comunicação em massa da diversidade presente na sociedade contemporânea.
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